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Arquitetos: Pau Vidal, Vivas Arquitectos
- Área: 9490 m²
- Ano: 2024

Descrição enviada pela equipe de projeto. A Plaça de les Glòries Catalanes ocupa uma posição estratégica no tecido urbano de Barcelona, funcionando como ponto de confluência de três das principais artérias da cidade: a Gran Via, a Avinguda Diagonal e a Avinguda Meridiana. Cada uma delas traz consigo dinâmicas urbanas distintas: a Gran Via conecta-se ao litoral e busca promover uma mobilidade que reduz a presença do tráfego motorizado; a Diagonal estrutura o Eixample, articulando a ligação entre o mar e as zonas altas da cidade; enquanto a Meridiana transforma gradualmente seu caráter urbano à medida que se aproxima de Glòries. Além dessas vias, esse nó também integra a histórica estrada de Ribes, concebida como um eixo cívico que privilegia a mobilidade pedonal e ciclística, promovendo a conexão entre bairros e equipamentos urbanos em continuidade com a rua do Clot.

Nesse contexto urbano se insere a Illa Glòries, situada dentro do âmbito da "Superilla" delimitada por Consell de Cent, Castillejos, Bolívia e Independência. O conjunto, regulamentado pelo Plano Especial de Melhoria Urbana (PEMU), é composto por quatro edifícios (peças A, B, C e D) e representa a maior incorporação de habitação social na cidade, com um total de 238 unidades. O Edifício C, com 67 unidades, faz parte dessa intervenção chave para fomentar um modelo urbano mais inclusivo, sustentável e conectado.


Edifício C - A proposta para o Edifício C se fundamenta em critérios de flexibilidade tipológica, sustentabilidade ambiental e coesão social. As habitações apresentam uma tipologia de dupla orientação, acessíveis a partir de passarelas externas que se comunicam com um pátio interior. Essa disposição não só melhora a ventilação cruzada e o aproveitamento solar, mas também facilita a adaptação do edifício a diferentes alturas e condições do entorno imediato. A partir do quinto andar, a ausência da peça B permite reorientar as habitações para o sul e deslocar as passarelas para a fachada norte, otimizando vistas e iluminação solar.

O edifício reforça a dimensão comunitária por meio de amplas áreas comuns e passarelas de conexão, que não apenas servem como elementos de circulação, mas também atuam como espaços de transição entre a habitação privada e o espaço público. Essas passarelas proporcionam uma experiência de acesso mais gradual, favorecendo o encontro entre vizinhos e fomentando o senso de comunidade. Para melhorar a iluminação e ventilação natural do pátio, o volume edificado é interrompido estrategicamente por meio de terraços e galerias, articuladas com cortes verticais e marcenarias móveis que conferem permeabilidade ao conjunto.

As galerias de acesso, concebidas como espaços intermediários, reinterpretam o pavimento coletivo como uma habitação unifamiliar em altura. Situadas no limiar entre o espaço doméstico e a rua, essas galerias oferecem benefícios funcionais, sociais e climáticos. Atuando como filtros térmicos e luminosos, adaptam-se ao ciclo sazonal: abertas e ventiladas no verão, colaboram com o resfriamento natural; fechadas no inverno, capturam calor por meio do efeito estufa, melhorando o conforto térmico sem recorrer a sistemas mecânicos. Além disso, estendem o uso doméstico para o exterior, enriquecendo a qualidade espacial da habitação. Esse limiar habitável transforma o acesso em uma experiência climaticamente eficiente e socialmente ativa, reforçando a autonomia do lar dentro de uma estrutura coletiva.


Desde uma perspectiva compositiva, o edifício se estrutura em faixas horizontais —térreo, passarelas, espaços comunitários e aberturas — em contraste com a verticalidade dos vazios interiores, gerando um diálogo formal com o restante do conjunto arquitetônico.

A solução construtiva aposta em uma fachada construída a seco com alto grau de pré-industrialização, minimizando o impacto ambiental. A estrutura é resolvida com lajes e pilares de concreto armado. O edifício conta com um subsolo destinado ao estacionamento, térreo e nove andares com sete habitações por andar, além de dois níveis adicionais na fachada da Gran Via, totalizando onze andares. O design incorpora sistemas de energia renovável, como aerotermia centralizada e painéis fotovoltaicos na cobertura, garantindo elevados padrões de eficiência energética e um funcionamento próximo ao consumo quase nulo (NZEB).















